sábado, 20 de abril de 2013

testamento do fantasma esfaqueado

todas as
se derramam
os
dissolvem.

massiva divisa
festivas fogueiras.

(além disso eu desfolho
desfiguro lentamente
os olhos do minotauro
destríssima desfilo dedos difusos
lambendo as questões
silêncio.)

as linhas sussurram suspensas
os meus pés arrombam
cale-se o silêncio.

mil gargantas quietas
sorriem discretas distintas:
danem-se.
desfilem
sumam.

no mundo dos meus olhos ardendo
no meu mundo de explosão discreta
apenas os pés dos atentos
apenas os suspiros impunes.

o verbo sem eco gagueja
frente à plateia perplexa
desdobrando a areia maciça
mascarada a cortina vazia.

meu ódio colorindo as janelas
estuprando as estrelas sensatas:
quero massacrar
devagar
cada passo
cada espaço
do mundo.
quero habitar eternamente
universo que seja
moléculas distintas
de composição óbvia:
cada átomo um pedaço da minha raiva
meu arder passeio básico do absurdo
não permito jamais que se exista sem arfar.
impossível rastejar sem a vontade de que tudo se exploda
que tudo se derreta
que tudo se desculpe.

enterração
(sem zombaria)
da sujeitice;
as coisas se dobram sem pensar até outro dia--
esse vento azul antipático é melhor esquecer,
ir passear.