segunda-feira, 22 de março de 2010

janjão

janjão decidiu aos 15 anos não sair mais de casa. era um herdeiro rico demais com pais mortos de tuberculose há 10 anos então foi fácil. aumentou a casa antiga 5 vezes e fez um quarto pra jogar boliche. fez amigos novos mais velhos que usavam terno e não usavam. os empregados não podiam mais falar. batia punheta sozinho com todo mundo olhando. só usava sapato de madeira. um copo de limonada todo dia de manhã. sempre um filme italiano diferente projetado na parede. explodiu a casa do vizinho e fez um canil. gostava de budismo. procurou não usar mais capas depois de saber que era ridículo. nunca conheceu os avós não fez questão. fomentador da economia. um dos três brasileiros mais importantes da última década grande grande grande homem responsável por tantos. mais magro do que gordo. não queria apaixonar porque era muito complicado. não-protagonista. viveu feliz pra sempre.

quinta-feira, 11 de março de 2010

senhor romance

dele e disse que ele nunca mais ia fazer isso com ela, voz calma, pausada, só o nariz meio tremendo, e o olho vermelho ainda, e virou as costas e foi embora, e ficou só ele lá parado olhando a porta fechada e as coisas dela espalhadas que ela não fazia questão de buscar porque em paris tem tudo novo e íam pagar bem. Não deu tempo de se arrepender, foi direto pro ódio - só pra ficar mais mal depois. Ela era mais bonita quando ele ficava mal, mas ele não contava isso pra ninguém.

Um comentário sobre como todas as discussões são iguais - interioriza-se - e banalizando, vamos assim, despersonalidade e catequese - até o cheiro dela já sumiu, virou parede - até a gente escrever uma obra-prima. e aí vende.

não tem rosto
não tem língua
só uma descrição acurada e poética de um sofrer préprocessadopós
no qual o meu fôlego vale tanto quanto o passado mais que verdade descrito
só um
rondó de cimento
para o meu amor
lá longe de tudo
porque sabe que não
tem mais.