quinta-feira, 2 de outubro de 2014

3. a luz infestada, deleite

os pés nus dedilhando o chão
a delícia de sorrir eterna
esparramar sentada em um trono mundo.

Um jardim é um presente
e um refúgio.
E ele corre ensanguentado na grama alta
olhos esfacelados desabando no horizonte
até que as árvores fecham.
(uma cama de flores que engole o mundo)

Um repouso em seio são
todas as horas dobradas
se lavar em lágrimas de quem não pisca.
Os braços dela abraçam o enforcado
o amor é mais frio do que a morte.

Os seus passos de menina
envolvendo o farfalhar
girando, enrubecida
dentes quebram leve o ar.

E
ele se cura renascido cristo
Levanta o corpo remendado forte
o amor é sempre um suspirar de afogados
o amor é mais frio do que a morte.

Ele anda pesaroso procurando um fim
sabendo que o jardim é belo por não ter fim
não quer pedir o caminho não quer colocar em palavras
ela sabe ler em seus olhos a fuga
ela entrega frutos e um beijo e o expulsa
ela sabe chorar com prazer em deleite
ela banha a sua vista dourada
ela sabe da sina dos homens
ela vê o partir pelas costas
ela planta os pés mas tão fundo
ela goza com um grito no rosto.