o diabo sentado à mesa
espera paciente a sua água
bebericando um vinho mediano
olhando o mar se desfazer.
o diabo joga ping-pong com a canhota
para dar alguma chance
à menina de sorriso torto e sapatilhas
(o navio singra sem se importar).
o diabo se despede
com elegância
de um amigo.
o diabo lê os jornais de hoje
como quem procura algo
mas é mentira:
apenas lê
os jornais de hoje
e ri do que há para rir.
o diabo, ao caminhar,
não pensa em nada.
o diabo: enfadado com a televisão
faz aparecer um programa melhor
com o poder do pensamento.
o diabo não se pronuncia
quanto aos planos de um amigo -
silencia impassível como um portão.
observa o rapaz se afastar
e enxerga desenlaces
(mesmo os becos às vezes dão à luz um final bom).
o diabo reza
à sua maneira
e pede favores que ele já esqueceu.
o diabo
pensa o mundo
com as mãos.
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