domingo, 30 de setembro de 2012

salve o salve!

meus lábios não sabem ser palavras
as pedras hibernam felizes:
derreto felizmente em qualquer canto
viva a glória nacional!
e os crocodilos!
viva acapulco!
e o terror
expansivo & sensuaal
roçando melequento as nossas pernas
viva o prazer
e o futuro
do infinito
sem resposta.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

liberdade-horror

Manto, céu, terror ou canto:
que pecado devo arder?
Os opacos de um santo
vão tremendo até: silêncio.

A cólera tropical venenosa de uma flecha torta e morta
me fez lento adstringente e burro,
um rastro
lancinante
de torpor
deitado à beira do lago. dissolvendo. pouco. rouco.

Deita dança sempre outro
refestança, vale andar;
corpo leve sem a alma
língua sangra pelos olhos.

o grito emudecido de um gato
um gato triste e feio sem os pelos
um gato sua mente o sol
mente o céu e pergunta por que tudo?
"ora senhor é inadequado que as coisas sejam
como são
as coisas
afinal as minhas patas doentes mal podem agarrar
o espírito de uma mulher
ou os olhos de meu pai
como posso viver
assim
em mundo tão perverso?"
, ronrona.

Desce douto feito monstro
lindo traço de amargor,
vomitando algum compasso
me elimino, até mais ver!

o que da glória e dos cantos e do sempre?
e do martelo e do fogo e do um?
se eu
só espaço
sem dádivas
cambalache por aí
mil bobagens
de salto em salto sem grilhão.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

densidade

os braços vazios
toda noi
te os braços com buracos
se espalham na cama
quantos braços
eu preciso
pra deitar?

As moças que rastejam na calçada--
que dedos me carregam pela mão?
Uma cabeça muito longe atirada
não não pra mim não pra mim não não não. 

o meu espírito
é denso
de sangue
e penas
adocicado pela prece de quem tem
medo do céu
do céu pesado
o céu amargo
calado & felizmente sofredor.

um braço que se cumprimenta
um homem pendurado no ombro do senhor--
estar deitado no asfalto
sentir o céu de deus lhe derrotar
bombas-maravilha lambe-lambe
e sair de fininho
pra ir ao cinema
perder os sapatos
malvados soldados
deitar-se em mim.

você vê vivamente você
andar eloquente
lábios de princesa envenenada
uma porta--
o estrangeiro
uma tempestade
a pele elétrica de quem quer voar

e os meus dedos
entrequebrados
esparramados
me jogam indistinto
sinto muito!,
sinto as mortes de uma nuvem enviesada
mas agora? já podendo respirar
dividindo o meu rosto com o baque-- 
eu vejo um buraco.