quarta-feira, 26 de setembro de 2012

densidade

os braços vazios
toda noi
te os braços com buracos
se espalham na cama
quantos braços
eu preciso
pra deitar?

As moças que rastejam na calçada--
que dedos me carregam pela mão?
Uma cabeça muito longe atirada
não não pra mim não pra mim não não não. 

o meu espírito
é denso
de sangue
e penas
adocicado pela prece de quem tem
medo do céu
do céu pesado
o céu amargo
calado & felizmente sofredor.

um braço que se cumprimenta
um homem pendurado no ombro do senhor--
estar deitado no asfalto
sentir o céu de deus lhe derrotar
bombas-maravilha lambe-lambe
e sair de fininho
pra ir ao cinema
perder os sapatos
malvados soldados
deitar-se em mim.

você vê vivamente você
andar eloquente
lábios de princesa envenenada
uma porta--
o estrangeiro
uma tempestade
a pele elétrica de quem quer voar

e os meus dedos
entrequebrados
esparramados
me jogam indistinto
sinto muito!,
sinto as mortes de uma nuvem enviesada
mas agora? já podendo respirar
dividindo o meu rosto com o baque-- 
eu vejo um buraco.

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