terça-feira, 18 de junho de 2013

pedaços de coisas

caminha-se em becos
os becos terminam em becos
cada parede esconde outra
a cidade devorada por ângulos retos.

os gritos em pânico sem grito nenhum. silêncio
nas bocas rasgadas.

o carrasco tem amores
seus beijos salivam, sussurram
lambe lânguido as paredes
o carrasco também goza.

o céu não julga
não geme
o céu só dança
o céu não tem o que dizer
esqueçam o céu
o chão quase explode.

braços se desgastam
braços viram traços
linhas estreitas
linhas invisíveis
os braços somem em maus versos.

os olhos não temem
olhos soltos
olhos voam soprando pernas
os olhos são buracos
os meus olhos não são meus.

as pedras
não respondem
o concreto sabe descansar.

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