sexta-feira, 9 de maio de 2008

Arte

É horrível estar cercado de arte o tempo todo. Se digo isso e você pensa em um homem amargo e velho sentado em sua poltrona reclamando com voz rouca, não continue lendo. Me fiz entender mal e já está tudo estragado. Os restantes: vamos.
A arte me irrita, me dá alergia. O grande legado imortal dos gênios brilhantes me cercando em prateleiras, enquanto eu sumo mais um pouco. Arte é pra masoquistas, punheteiros, idiotas, etc.
Quando eu conto uma história não é arte, é mentira. Só digo essas coisas pelo prazer de enganar os outros. Gosto quando elogiam, rio depois.
Se eu escrevo isso é por falta de opção. Por tédio e preguiça de me levantar. Melhor: é um inconveniente, como cagar.
As pessoas ao falar de arte viram todas idiotas. Os olhos começam a brilhar, ficam excitados, a saliva respinga, piscam excessivamente, as pernas ficam inquietas. É horrível de se ver, parece que viraram macacos. As palavras que eles usam... São absurdas, idiotas, a mais aberta representação de deficiência mental.
O pior é exigirem arte de você. Pinte um quadrinho, meu bem. Tons pastéis, só pra mim. Pornografia disfarçada do pior tipo. Esculpe, assim, praquele amigo meu. Proxenetismo.
Aí eles vêm e dizem escreve um texto. Desse jeito, pra chocar. Nosso rebeldezinho. Eles pedem do jeitinho que eles gostam. E escreve, escreve. Eles dançam na sala do lado, um baile de máscaras vitoriano com uma orgia no meio. A grande cultura. Você só consegue se masturbar porque fica entediado. É óbvio o que eles querem de você, não que faça diferença.
E aí foi: a história de um escritor de vinte e três anos que enlouquece.
Correndo pra fora do prédio, roupa cheia de sangue e encarando devagar todos que cruzam. Ele só carrega um lápis, também ensangüentado. Sombras caligarescas, enfim. Edificações oblíquas contribuem para a paisagem necessária a esse tipo de personagem.
Perna desengonçada capota torta; desliza rua abaixo. Queda acentua a dramaticidade, é necessária. Três milhões de olhos o acompanham derrepente, o machucado na pern’arde. A boca aberta: as palavras se engasgam, se atropelam, não há como explicar.
Círculo se fechando, o raio diminui em progressão geométrica. O ar rareia, pode-se ver que o personagem não tem mais fuga, sombras projetadas sobre seus olhos, prestes a desaparecer.
Desaparece.

2 comentários:

Victoria de Mello disse...

maior verdade do mundo.
não há nada mais abençoado que a ignorância.

Anônimo disse...

"É horrível estar cercado de arte o tempo todo....As pessoas ao falar de arte viram todas idiotas. Os olhos começam a brilhar, ficam excitados, a saliva respinga, piscam excessivamente, as pernas ficam inquietas. É horrível de se ver, parece que viraram macacos. As palavras que eles usam... São absurdas, idiotas, a mais aberta representação de deficiência mental. "
quando eu li isso... eu me identifiquei tanto... eu penso isso de um povo que faz artes plásticas na unb... sério, gente que se acha entendedor perde a noção... +_+'

eu me recuso a querer saber porque alguém corre por aí com um lápis ensanguentado... :/
sem mais comentários hoje. u.u