quarta-feira, 30 de julho de 2008
e(
vão embora
sem ninguém dizer tchau:
(com a voz rouca)
devagar.
é assim que se sai
com as pernas trançadas
de frente pro nada
fugindo bem lento
(as mãos para trás)
e por trás de tudo
(e o tudo é inventado)
ela não diz nada
ele não diz nada
os braços de longe
(ela até diria
que talvez não fosse
uma boa idéia
mas ela não diz)
não se encostam mais
(ele fica quieto)
porta fechada?
(rachadura na calçada pichação na parede gente passando e olhando disfarçado sem parar de andar, não vêem nada)
não se vêem mais.]
acabou.
diria-se que
[não é bem uma conversa
nem dura muito. sabem que
estão indo. já. espera.
terça-feira, 29 de julho de 2008
Autobiografia
- lá dentro, línguas mortas intraduzíveis -
Insustentabiliza-se: é ruir.
SWAT chega; desinfetante -- é assim que tem que ser! Eles não são
(fragilidade? sem dualismos, sem... mas sem concessão?)
bestas não!
Sobrou pras rachaduras contarem a história,
(eu sou só engasgo)
.
segunda-feira, 28 de julho de 2008
Abdicado
Quartescuro, bocapescoço. Doisemum. Mãonamão. Assimsim. Vemcomigo, messegura. Semparar?
- Não pode, não pode! Entra! Entra todo mundo! Entra! Não deixa! Não é justo!
quinta-feira, 24 de julho de 2008
Tentativa
Não pode reverter, é claro que não: isso tudo era irresponsabilidade e demência e besteira e achar que algo assim... Desrespeito.
Bebop, tanto faz.
Le même, La Môme, tanto faz, ele não se arrepende de nada: esse é o espírito, amigão! A cama encharcada desse jeito e não faz diferença, sai do quarto um James Bond de roupão e eu nem sei que hotel é esse, prazer, senhor Ming, isso é... a China? Ela ainda ecoa mesmo longe.
(Transcri
ção dos cadernos de
Maiakovski!)
quarta-feira, 23 de julho de 2008
iv drug
De um
Lá no enterro tinha frango, cerveja e pouco silêncio.
domingo, 20 de julho de 2008
hmng
(temática todos os dias
se repe
te assim
todo dia
sem para
da montanha
s de repetições)
fásica; C6H6;
não se respira sem
(você
dançando na minha frente
rodo
piando aguda
mais rápido
giro sem
pre sem
parar)
oxigênio, é uma ausência, ela não consegue.
Não inale desse jeito
s
(ssssssssssssssssssssol sem cela,
ecoa no seu rosto
perdido você não entender)
em precauções adequadas!
São necessárias as mais ade
(rente a você
ácido áspero?
sua pele
não sentir mais
perdidem letras e numer0328941)
quadas precauções que você pode pensar!
Substâncias inflamáveis hidrogenadas de cadeias insaturadas que podem le
(nto movimento incompren rkrzzzkzrjrhrhrzhzjzhzzrjr
sem dizr o crucial
grgrj prdd escancara
grito
afogo)
var até mesmo à morte, e
(você sabe
que a morte é)
ntão tome todo o cuidado po
(nte aguda
nome feio
longe
sem
ffffffffffffffffffffffffff
alardeado
hhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhzzzzz
sfrs
nv~o)
ssível!
(meu amor.)
sábado, 19 de julho de 2008
confissão
, disse ele, tremendo. Não demorou muito para pular, mas enfim
As pessoas talvez não compreendam como funciona: é uma questão de significados e símbolos que podem e mudam o tempo todo, e não de coisas imutáveis. Ele nunca tinha falado "sobre" uma coisa, era exatamente o contrário:
terça-feira, 8 de julho de 2008
Amostra/e-se/valsa
E então ela desistiu de ser compreensiva e deu três tiros na testa dele: melhor escolha da sua vida, provavelmente. Se eu soubesse o beabá, mon amour, escrevia uma história muito linda pra você; como não sei, acaba tendo de ser... É assim: ela atirou e agora olha pro chão: valsa para trás, sangue nos sapatos. Não respira fundo nem anervosa-se, só passinho lá e cá.
Agora diga: e se digamos reverte? Suga: na cama novamente. É ontem. Confusainda, checa, checa, checa: é ontem mesmo. Sonho? Não: tudo se repete. A pergunta é: a valsa é repetível? Ela vai andando passo repasso tonta; mesmo? Ele está lá: o mesmo blábláblá. A mão ao bolso, coldre. É o saque: interrupção.
Caio se desdebruça: campainhamisericórdia? Vai andando e deixa o teclado caído, barrinha piscando. Pisa leve mas tenta fazer barulho. Chega lá. Olhomágico: Fernanda.
A porta está aberta. Fernanda entra e diz “Bom dia” e Caio responde “Bom dia”. Ela se inclina e lhe dá um beijo na bochecha. Ele se retrai um pouco. Ambos andam casa adentro, conversando generalidades. Fernanda sempre se inclina 12% a mais do que o necessário ao falar; Caio não percebe. Sentam ao sofá, é uma quitinete, Caio não oferece água. Já guia, falhou.
Na longa história dos relacionamentos, nunca houve nenhum mais espelhado e sem sentido do que o de Caio e Fernanda. Psicologia inaplicada talvez fosse um bom nome, eu não sei. Era isso que talvez se focasse na história d’Ela.
Ela atirou de novo e de novo e de novo até os dedos cansarem.
Seria bom se vocês conseguissem ver isso ser escrito: as letras transbordando pelos lados, tão bonito...
poema interno
não gosto de abrir minhas janelas
nunca gostei
elas fazem sol.
não sei
imitar a voz de caio
os ritmos se confundem
sem muita música.
Ela me olha e não vai embora e eu sento e ela não vai embora e ela diz coisas e não vai embora e eu escuto e ela não vai embora. É a mesma coisa que aquela vez quando eu tinha 9 anos e veio aquele Rafael em casa e eu tava gripado eu odeio gripe meu nariz ficava fazendo barulho e eu achava que era o barulho do sofá enferrujando e ele não ia embora e não queria fazer nada e eu dizia videogame e ele não e futebol e não e comer e não e tv e não e aí ele foi embora só no dia seguinte e eu que raiva e ele era filho de um senador, alguma coisa assim. E aí eu pisquei e ela tá na minha frente segurando a minha mão olhando na minha cara e eu olho pro quarto e a tela do computador apagou, será que é o protetor de tela ou desligou, eu não tinha salvo nada e quero levantar e ela tá me beijando e ela beija bem e que merda não vai dar tempo de nada e hoje ela tá beijando diferente, lembra uma vez em que ela me beijou bêbada na casa do felipe, ela tá bêbada? não tá com gosto, sei lá, a língua dela tá áspera, o que foi que houve?