meu rosto
torto ângulo caído encostado esforço inútil. Representativo do jeito mais canalha e medíocre possível. É assim que vocês gostam?
Eu só gostaria que todo mundo soubesse que eu tou tentando, tou fazendo meu melhor, tou me esforçando, mesmo, de verdade. E estou disposto a fazer o que for necessário e a ser o que for necessário e a
Guilherme se filma enquanto alguém filma a filmagem, é tudo verdade. Se fosse explicitamente 1984-ístico seria muito mais simples e fácil, mas algum idiota achou que cinza seria uma boa idéia e metáforas seriam boas idéias e agora olhar no olho de quem olha não é mais o suficiente e escrever que nem um idiota não é mais o suficiente nem os anglicismos escondidos tão evidentes nem nada porque tudo pode significar qualquer coisa e você está inevitavelmente falando sozinho e se sente inútil e preso entre o incompreensível e o expositivo e irremediavelmente estúpido e mesmo a tentativa de autoconsciência é uma proteção e uma fuga e às vezes a consciência (a outra) faz você se sentir mal e você tem que simplesmente dizer a verdade
seja lá o que isso seja
24h por dia, sem folgas, pra competir com o youtube - e perdendo. terminar de digitar e acrescentar a literatura
ela estava desligada o tempo todo, vamos fazer tudo de novo, mais emoção dessa vez!
quarta-feira, 15 de outubro de 2008
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
anulação
Tiago se levanta e percebe que não tem pés; o quarto se dissolve em falta de luz.
Não sei mais lidar com assombrações.
Pres'em vácuo, não totalmente desaparecido. Não consegue piscar e fim.
Sem mais onipotência enjoado insone vomito em algum canto caio no chão tremo espasmos alguma ópera ruim teclado quebrado algum grito sem eficiência desisto posso sumir agora
tela em luz
cheiro ruim
apersono
incriado:
não é
dissoluto.
(subtraí)
Não sei mais lidar com assombrações.
Pres'em vácuo, não totalmente desaparecido. Não consegue piscar e fim.
Sem mais onipotência enjoado insone vomito em algum canto caio no chão tremo espasmos alguma ópera ruim teclado quebrado algum grito sem eficiência desisto posso sumir agora
tela em luz
cheiro ruim
apersono
incriado:
não é
dissoluto.
(subtraí)
quinta-feira, 2 de outubro de 2008
notas sentimentais de uma crise passada (previsão)
Está faltando um pouco de
AR
,
seria uma boa maneira de tossir. Queria saber de boas maneiras. Hoje o jornal foi de
- cadernos perdidos reeditados em colagem, etc e tal. o passado se refazendo é besteira, mas algo por aí... é só uma falta de fogo que talvez me afete melancolicamente e então as epifanias encontram terreno fértil para serem inevitáveis e chatas -- mas ainda quero sair, acho, e qualquer coisa do tipo... a gente vê, sempre, a gente vê...
AR
,
seria uma boa maneira de tossir. Queria saber de boas maneiras. Hoje o jornal foi de
matar, mesmo, parecia um jab cinza.
CH-CH-CH-CHANGE
é o grito de guerra
de quem não gosta de gritos? É complicado ser grito no país do silêncio.EDITAL CONTEMPORÂNEO URGENTE
No Centro Acadêmico Elétrico Beijo, da UNFP, parece ter começado tudo. É talvez um alento àqueles que sentem serem muito mais vívidos do que vividos, um frescor irritante de quem nunca viu acontecer. Nós estamos vivenciando
quedas aterradoras
que parecem não ter fim
e a falta de reação geral é será
algo para se preocupar talvez mais
do que com a própria crise, pergunta-se.
que parecem não ter fim
e a falta de reação geral é será
algo para se preocupar talvez mais
do que com a própria crise, pergunta-se.
A partir de hoje, só é permitido àqueles que se preocupam se alimentar de MAIOnese.
não sei mais gritar/a partir de hoje é necessário que você seja o grito/pegar nas coisas é pouco/dizer é pouco/eu sou pouco/mas não pra sempre/isso seria impossível/por mais que por enquanto seja um silêncio absurdo/mesmo com o fim do mundo anunciado e cheio de flashes divulgado pelas maiores empresas de propaganda do país/desabando/e as eleições que parecem ter chegado ao extremo de tudo que pode ser chamado de extremo/no domingo/ainda assim silêncio/mas não pra sempre/"hoje são dois anos atrás"/você ouve alguma voz dizendo algo que faz gritar/o grito e não você/realismo impossível/é necessário ser o grito/está por aqui abolido
INTERLÚDIO MUSICAL
obrigado
eu diria a você
que não somos mais só dois
três mil
muito mais
nunca iguais
e só assim posso ser com você
sem ser
sem amanhã
amanhã é sempre ontem
nós somos hoje.
apresentado pela pasta de dentes sabor cevada Skolgate
FIM DO INTERLÚDIO
o sono/daqueles sem sono/porque o sono dos sem sono/é só um jeito de quem tem sono/não conseguir o sono/que merece/e no sono/não se grita/não de verdade.
Eu não sei mais ser longe, incapacito-me. Não sei mais me atrancalhar em cabines e pedir baixinho alguma coisa ou em quartinhos dizer baixinho o que acho, olhando através de periscópios complicados como o mundo é complicado. Não sei onde meti minhas chaves e desaprendi tudo isso que precisava.
"É como uma aposta", sussurrou, amarrado, enquanto o cientista de costas apertava seus botões. "Só que se eles perderem, você tem de pagar." O raio laser começou a descer de aranhas esmagadas no teto que tentavam inutilmente cantar alguma coisa antes de morrerem, o cheiro de (aço/sapato) queimado dançando por aí e o repórter, depois de ajeitar a gravata, anotou em um caderninho, enquanto olhava o corpo carbonizado só em alguns pedaços mas ainda (rindo/gritando), que "é contra interferências estatais na economia", ora aqueles fãzinhos ficariam surpresos em saber como seu (ídolo/líder) era diferente do que se esperava.
Inequivocadamente nós esperamos algum tipo de vento, ansiosos, sabe-se lá o quê. Tudo que eu digo são preces, apenas, de que chegue. Então:
- aos jovens que resolveram correr a América toda oferecendo pão a banqueiros, digo, certo?!
- ao senhor subsecretário de um dia pro outro convertido em pagão
- aos dez milhões que estavam lá
- ao homem desconhecido que desenhou o bigode gigante na Estátua
- aos nãomarxistas, nãoliberais, nãopacifistas, nãofascistas, nãoanarquistas que organizaram a festa na Paulista e cantaram com as próprias bocas
- a quem (não) é razoável
- aos cartaginenses, troianos e armênios
- aos estudantes deslivrados que mascam chiclete vermelho
- etc
não sei mais gritar/a partir de hoje é necessário que você seja o grito/pegar nas coisas é pouco/dizer é pouco/eu sou pouco/mas não pra sempre/isso seria impossível/por mais que por enquanto seja um silêncio absurdo/mesmo com o fim do mundo anunciado e cheio de flashes divulgado pelas maiores empresas de propaganda do país/desabando/e as eleições que parecem ter chegado ao extremo de tudo que pode ser chamado de extremo/no domingo/ainda assim silêncio/mas não pra sempre/"hoje são dois anos atrás"/você ouve alguma voz dizendo algo que faz gritar/o grito e não você/realismo impossível/é necessário ser o grito/está por aqui abolido
INTERLÚDIO MUSICAL
obrigado
eu diria a você
que não somos mais só dois
três mil
muito mais
nunca iguais
e só assim posso ser com você
sem ser
sem amanhã
amanhã é sempre ontem
nós somos hoje.
apresentado pela pasta de dentes sabor cevada Skolgate
FIM DO INTERLÚDIO
o sono/daqueles sem sono/porque o sono dos sem sono/é só um jeito de quem tem sono/não conseguir o sono/que merece/e no sono/não se grita/não de verdade.
Eu não sei mais ser longe, incapacito-me. Não sei mais me atrancalhar em cabines e pedir baixinho alguma coisa ou em quartinhos dizer baixinho o que acho, olhando através de periscópios complicados como o mundo é complicado. Não sei onde meti minhas chaves e desaprendi tudo isso que precisava.
"É como uma aposta", sussurrou, amarrado, enquanto o cientista de costas apertava seus botões. "Só que se eles perderem, você tem de pagar." O raio laser começou a descer de aranhas esmagadas no teto que tentavam inutilmente cantar alguma coisa antes de morrerem, o cheiro de (aço/sapato) queimado dançando por aí e o repórter, depois de ajeitar a gravata, anotou em um caderninho, enquanto olhava o corpo carbonizado só em alguns pedaços mas ainda (rindo/gritando), que "é contra interferências estatais na economia", ora aqueles fãzinhos ficariam surpresos em saber como seu (ídolo/líder) era diferente do que se esperava.
Tudoqueeuqueroéqueessacidadeacabelogoantesquetudoqueagenteacreditavirecidadeevireoutracoisasempreoutracoisasempremasnuncaacoisaqueprecisaseréassiméassimetudoissoépassadodesdesempreascoisastodasquemecansamdemaiseusóqueriaenfimalgopravivereserserá?
Inequivocadamente nós esperamos algum tipo de vento, ansiosos, sabe-se lá o quê. Tudo que eu digo são preces, apenas, de que chegue. Então:
- aos jovens que resolveram correr a América toda oferecendo pão a banqueiros, digo, certo?!
- ao senhor subsecretário de um dia pro outro convertido em pagão
- aos dez milhões que estavam lá
- ao homem desconhecido que desenhou o bigode gigante na Estátua
- aos nãomarxistas, nãoliberais, nãopacifistas, nãofascistas, nãoanarquistas que organizaram a festa na Paulista e cantaram com as próprias bocas
- a quem (não) é razoável
- aos cartaginenses, troianos e armênios
- aos estudantes deslivrados que mascam chiclete vermelho
- etc
AO EGHORIA
Paulanda calma, eraora de aula, já, mas correr não. Encontra algum amigo de uma amiga no caminho que diz oi e comenta você se lembra daquela festa na casa do Fernando você não achou por acaso um isqueiro com um kanji que dizia Sapo, era do meu avô e eu perdi e é ruim, e não, não lembro da festa, desculpa, tou atrasada, tudo bem, me dá um cigarro, só, e dá, afinal, é a ética. Anda mais alguns passos até se afastar e continua andando até que o mundo começa, inesperadamente ou não, a ruir. Rachadurazinhas e rachadurões se separam no chão e logo um buraco engole Paula. Ela cai aliceana por alguns dias até chegar ao fundo, fofo e aquoso, e lá de baixo ainda dá pra ver lá em cima. Centenas de criaturinhas estranhas, com patas em número ímpar e elevado, a cercam, e logo começam a subir por seu corpo e beliscá-lo, mordê-lo, chupá-lo e deixar marcas, coceiras e alguma dor não insuportável mas bastante incômoda. Incomodada, Paula se levanta com dificuldade e vai andando até algum lugar mais iluminado, enquanto sacode as pernas e joga alguns bichinhos longe. No lugar iluminado há uma pedra redonda, bem trabalhada, um disco plano de uns 3 metros de altura e uns 8 de raio, e em cima do disco há um touro. Ela pergunta ao touro qual é o seu nome e o touro responde Hepatite, e ela não ri. Alguns dos bichinhos que ela jogou longe começam andar até o disco, logo o estão escalando e logo estão nas patas do touro que, mesmo sem polegares, os leva à boca e, sem mastigar, engole, e é um senhor touro, quase um sapo, e ele diz que é o Senhor. Paula não responde nada por algum tempo e então diz ao touro Senhor Hepatite o senhor é muito bonito, gostaria de me possuir e ele gagueja e diz que c-c-claro, quem não gostaria, porque Paula é muito bonita, e os bichinhos levam Paula ao topo do disco e ela se deita no chão e espera, mas o touro hesita, hesita, hesita, e quando ela se levanta para ver o que há de errado ela descobre que o touro é na verdade um boi; logo em seguida todos os bichinhos começam a gritar furiosos e eles mesmos jogam o boi amarelo lá pra baixo e comem sua carcaça em poucos segundos. Paula olha pra cima e vê que há uma escada e ela pode subir mas olha pra cima e também vê que parece que lá em cima as coisas estão ruins, algum incêndio e uns gritos, e decide ficar lá embaixo.
E eles entenderam tudo errado, não é revolução e depois parar, porque parar pressupõe revolução, é revolução e depois revolução e depois revolução, sem parar e sem saber como vai ser, tem de ser assim, em todas as pessoas e em todos os lugares, mesmo que comece com três e meio ou onze terços, impossivelmente razoável é como querem que seja, não pode mais, e eu espero que eu deixe de ser prece e comece a ser relato, porque a hora não se sabe quando é, eu só acho que é agora, sem nenhuma certeza, porque não podem mais ser certezas, que elas são outra coisa, e nós somos outra, e eu espero que amanhã eu seja não hoje, que esse será um bom sinal, escrevendo assim escondido mas com a janela aberta, nós queremos todos ser jesus, porque um só não foi o suficiente e agora nós sabemos tanto mais do que sabíamos na época, a anátema é irreversível e paradoxal, nós somos nós mesmos todas as anátemas porque só de fora você pode ser outra coisa, são Palavras sem fim que engolem qualquer coisa e nós esperamos que elas regurgitem tudo que precisa ser regurgitado, nós lemos e esquecemos os jornais e vai ser.
um dólar hoje é dois dólares
o não-tempo é um bom sinal
eu saio e respiro tão fundo
os rostos das pessoas são absurdos
é absurdo que eu não os tenha visto antes
e não compreenda nada de nada
a rua parece tão vazia
no meio do mar de gente
os casacos me cobrem
casacos a mais
quando chego em casa tiro o casaco
ainda não respiro direito
qualquer dia volto pra rua
nãosozinho
que aí respiro melhor no meio da gente.
o não-tempo é um bom sinal
eu saio e respiro tão fundo
os rostos das pessoas são absurdos
é absurdo que eu não os tenha visto antes
e não compreenda nada de nada
a rua parece tão vazia
no meio do mar de gente
os casacos me cobrem
casacos a mais
quando chego em casa tiro o casaco
ainda não respiro direito
qualquer dia volto pra rua
nãosozinho
que aí respiro melhor no meio da gente.
E eles entenderam tudo errado, não é revolução e depois parar, porque parar pressupõe revolução, é revolução e depois revolução e depois revolução, sem parar e sem saber como vai ser, tem de ser assim, em todas as pessoas e em todos os lugares, mesmo que comece com três e meio ou onze terços, impossivelmente razoável é como querem que seja, não pode mais, e eu espero que eu deixe de ser prece e comece a ser relato, porque a hora não se sabe quando é, eu só acho que é agora, sem nenhuma certeza, porque não podem mais ser certezas, que elas são outra coisa, e nós somos outra, e eu espero que amanhã eu seja não hoje, que esse será um bom sinal, escrevendo assim escondido mas com a janela aberta, nós queremos todos ser jesus, porque um só não foi o suficiente e agora nós sabemos tanto mais do que sabíamos na época, a anátema é irreversível e paradoxal, nós somos nós mesmos todas as anátemas porque só de fora você pode ser outra coisa, são Palavras sem fim que engolem qualquer coisa e nós esperamos que elas regurgitem tudo que precisa ser regurgitado, nós lemos e esquecemos os jornais e vai ser.
NÓS SOMOS O GRITO
(pretenso grito futuro)
(pretenso grito futuro)
- cadernos perdidos reeditados em colagem, etc e tal. o passado se refazendo é besteira, mas algo por aí... é só uma falta de fogo que talvez me afete melancolicamente e então as epifanias encontram terreno fértil para serem inevitáveis e chatas -- mas ainda quero sair, acho, e qualquer coisa do tipo... a gente vê, sempre, a gente vê...
quarta-feira, 1 de outubro de 2008
Miscelânea: 1 excerto
acordar, uma sombra na parede: tem olhos, sombras não tem olhos -- acordar.
Sr. o sr. gostaria de sr. sr? sr?! meu sono cada vez mais causando problemas, ignore e continue andando - chega ao metrô e inexplicavelmente vazio, um animal esfomeado engolindo ar - e só ar - e se deprime um pouco, deve ser triste ser trem, mesmo. (.)
o que está lendo?, é a mesma coisa que os amigos sempre dizem, pra cada um digo uma coisa: cortázar, pynchon, bioy, faulkner, bábel, aumont. aumont? resposta errada, falta estilo, ou sobra, questões vetoriais, sempre.
o palmeiras na tv: o estádio vazio não é triste; por quê? os rostos da gente no frio são diferentes, nunca são massa, as descrições no geral são completamente equivocadas - na multidão todos eles são mais individuais que nunca, principalmente os fantasmas, os de olhos claros que olham na sua direção de mil quilômetros de distância e te dizem alguma coisa. não há nada a beber em casa e a janela já começa o barulho do vento, um trurumtumTÁ que faz os cachorros berrarem e rasgarem o que sobrou da calça - ainda de jeans, por que ainda de jeans se em casa há tanto tempo?, se odeia um pouco por isso e continua sentado, um livro aberto na mão se dobrando torto.
esboça:
uma moça de trinta e três anos que acorda e inesperadamente vê-se transformada em um asqueroso jesus cristo. é vegana, não pode cometer suicídio: como resolver?
a porta s'escancara de uma vez: ela está molhada mas já parou de chover faz tempo, e nem mesmo está molhada, é só o cabelo - d'onde o banho? arresponsiva, o que é sensato: senta do lado e come o queijo da minha mão sem dizer nada - é talvez isso que eu mais ame nela, quando ela come o que está na minha mão sem pedir.
toques no meio da noite: são os mil telefones recebendo gritos do inferno, cada um localizado em uma parte do corpo diferente, e foi hoje que eu li sobre como o paquistão está avançando na indústria de escavadeiras ou ontem?, aquelas mulheres deveriam ser santas, só pode - alguém arrancou as datas de todos os jornais e eu não sei mais se estou lendo notícias ou mentiras ou passado ou seja lá o que for - ela nuncacorda, nenhum barulho, sentado sozinho na sala - nosso irmão, um vampiro! é justo que seja, mesmo, depois de sair tantas vezes sem blusa no frio - e o celular manda mensagens para aqueles que talvez estejam acordados - quero saber se o Prefeito é bom ou não, agora, e preciso do conhecimento de vocês - e as respostas não chegam, pelo menos não antes do fim da bateria, e o carregador no quarto... talvez seja melhor beber um pouco e assistir ao Alec Baldwin cuspir até amanhã, o céu não está bonito o suficiente pra se olhar e você não gosta dos cigarros dela...
umepopéia, ratzinger entre um e tônica, forjada no edredom imperfeito - é essa a tônica, no fim, o doppelgänger imperfeito emparedado que você joga pela janela com as suas roupas e pede para que acreditem e não acreditem - a tentativa desesperada e patética de se esclarecer, talvez, desesclarecendo - eu vim pra desarrumar o arrumado, era isso? você nunca levou isso a sério, não mesmo - e talvez alguma pureza, algum lirismo?, se bem que se houvesse lirismo era algumas linhas antes, e destruo tudo (e me acovardo, enfim, é o duplipensar) - arruino o que estava pronto? - mas que direito eu tenho de prontidão quando isso não existe, é só um murro no espelho: eu estou aqui, mesmo?, digo, vocês me vêem? eu não sei mais dizer se sim ou se não, com os dedos meio tremendo e sem entender, ela ainda está no quarto mas eu preciso abrir a porta correndo para olhar... a casa já ruiu bastante, mas eu sou tão intangível quanto preciso; meus sonhos de onipotência já começam a me deprimir quando lembro que são só sonhos e fico aliviado, graças a deus pela mentira, graças a deus, eu não sei o que faria se não fosse incompleto
Sr. o sr. gostaria de sr. sr? sr?! meu sono cada vez mais causando problemas, ignore e continue andando - chega ao metrô e inexplicavelmente vazio, um animal esfomeado engolindo ar - e só ar - e se deprime um pouco, deve ser triste ser trem, mesmo. (.)
o que está lendo?, é a mesma coisa que os amigos sempre dizem, pra cada um digo uma coisa: cortázar, pynchon, bioy, faulkner, bábel, aumont. aumont? resposta errada, falta estilo, ou sobra, questões vetoriais, sempre.
o palmeiras na tv: o estádio vazio não é triste; por quê? os rostos da gente no frio são diferentes, nunca são massa, as descrições no geral são completamente equivocadas - na multidão todos eles são mais individuais que nunca, principalmente os fantasmas, os de olhos claros que olham na sua direção de mil quilômetros de distância e te dizem alguma coisa. não há nada a beber em casa e a janela já começa o barulho do vento, um trurumtumTÁ que faz os cachorros berrarem e rasgarem o que sobrou da calça - ainda de jeans, por que ainda de jeans se em casa há tanto tempo?, se odeia um pouco por isso e continua sentado, um livro aberto na mão se dobrando torto.
esboça:
uma moça de trinta e três anos que acorda e inesperadamente vê-se transformada em um asqueroso jesus cristo. é vegana, não pode cometer suicídio: como resolver?
a porta s'escancara de uma vez: ela está molhada mas já parou de chover faz tempo, e nem mesmo está molhada, é só o cabelo - d'onde o banho? arresponsiva, o que é sensato: senta do lado e come o queijo da minha mão sem dizer nada - é talvez isso que eu mais ame nela, quando ela come o que está na minha mão sem pedir.
toques no meio da noite: são os mil telefones recebendo gritos do inferno, cada um localizado em uma parte do corpo diferente, e foi hoje que eu li sobre como o paquistão está avançando na indústria de escavadeiras ou ontem?, aquelas mulheres deveriam ser santas, só pode - alguém arrancou as datas de todos os jornais e eu não sei mais se estou lendo notícias ou mentiras ou passado ou seja lá o que for - ela nuncacorda, nenhum barulho, sentado sozinho na sala - nosso irmão, um vampiro! é justo que seja, mesmo, depois de sair tantas vezes sem blusa no frio - e o celular manda mensagens para aqueles que talvez estejam acordados - quero saber se o Prefeito é bom ou não, agora, e preciso do conhecimento de vocês - e as respostas não chegam, pelo menos não antes do fim da bateria, e o carregador no quarto... talvez seja melhor beber um pouco e assistir ao Alec Baldwin cuspir até amanhã, o céu não está bonito o suficiente pra se olhar e você não gosta dos cigarros dela...
umepopéia, ratzinger entre um e tônica, forjada no edredom imperfeito - é essa a tônica, no fim, o doppelgänger imperfeito emparedado que você joga pela janela com as suas roupas e pede para que acreditem e não acreditem - a tentativa desesperada e patética de se esclarecer, talvez, desesclarecendo - eu vim pra desarrumar o arrumado, era isso? você nunca levou isso a sério, não mesmo - e talvez alguma pureza, algum lirismo?, se bem que se houvesse lirismo era algumas linhas antes, e destruo tudo (e me acovardo, enfim, é o duplipensar) - arruino o que estava pronto? - mas que direito eu tenho de prontidão quando isso não existe, é só um murro no espelho: eu estou aqui, mesmo?, digo, vocês me vêem? eu não sei mais dizer se sim ou se não, com os dedos meio tremendo e sem entender, ela ainda está no quarto mas eu preciso abrir a porta correndo para olhar... a casa já ruiu bastante, mas eu sou tão intangível quanto preciso; meus sonhos de onipotência já começam a me deprimir quando lembro que são só sonhos e fico aliviado, graças a deus pela mentira, graças a deus, eu não sei o que faria se não fosse incompleto
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