quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Miscelânea: 1 excerto

acordar, uma sombra na parede: tem olhos, sombras não tem olhos -- acordar.
Sr. o sr. gostaria de sr. sr? sr?! meu sono cada vez mais causando problemas, ignore e continue andando - chega ao metrô e inexplicavelmente vazio, um animal esfomeado engolindo ar - e só ar - e se deprime um pouco, deve ser triste ser trem, mesmo. (.)

o que está lendo?, é a mesma coisa que os amigos sempre dizem, pra cada um digo uma coisa: cortázar, pynchon, bioy, faulkner, bábel, aumont. aumont? resposta errada, falta estilo, ou sobra, questões vetoriais, sempre.

o palmeiras na tv: o estádio vazio não é triste; por quê? os rostos da gente no frio são diferentes, nunca são massa, as descrições no geral são completamente equivocadas - na multidão todos eles são mais individuais que nunca, principalmente os fantasmas, os de olhos claros que olham na sua direção de mil quilômetros de distância e te dizem alguma coisa. não há nada a beber em casa e a janela já começa o barulho do vento, um trurumtum que faz os cachorros berrarem e rasgarem o que sobrou da calça - ainda de jeans, por que ainda de jeans se em casa há tanto tempo?, se odeia um pouco por isso e continua sentado, um livro aberto na mão se dobrando torto.

esboça:
uma moça de trinta e três anos que acorda e inesperadamente vê-se transformada em um asqueroso jesus cristo. é vegana, não pode cometer suicídio: como resolver?
a porta s'escancara de uma vez: ela está molhada mas já parou de chover faz tempo, e nem mesmo está molhada, é só o cabelo - d'onde o banho? arresponsiva, o que é sensato: senta do lado e come o queijo da minha mão sem dizer nada - é talvez isso que eu mais ame nela, quando ela come o que está na minha mão sem pedir.

toques no meio da noite: são os mil telefones recebendo gritos do inferno, cada um localizado em uma parte do corpo diferente, e foi hoje que eu li sobre como o paquistão está avançando na indústria de escavadeiras ou ontem?, aquelas mulheres deveriam ser santas, só pode - alguém arrancou as datas de todos os jornais e eu não sei mais se estou lendo notícias ou mentiras ou passado ou seja lá o que for - ela nuncacorda, nenhum barulho, sentado sozinho na sala - nosso irmão, um vampiro! é justo que seja, mesmo, depois de sair tantas vezes sem blusa no frio - e o celular manda mensagens para aqueles que talvez estejam acordados - quero saber se o Prefeito é bom ou não, agora, e preciso do conhecimento de vocês - e as respostas não chegam, pelo menos não antes do fim da bateria, e o carregador no quarto... talvez seja melhor beber um pouco e assistir ao Alec Baldwin cuspir até amanhã, o céu não está bonito o suficiente pra se olhar e você não gosta dos cigarros dela...

umepopéia, ratzinger entre um e tônica, forjada no edredom imperfeito - é essa a tônica, no fim, o doppelgänger imperfeito emparedado que você joga pela janela com as suas roupas e pede para que acreditem e não acreditem - a tentativa desesperada e patética de se esclarecer, talvez, desesclarecendo - eu vim pra desarrumar o arrumado, era isso? você nunca levou isso a sério, não mesmo - e talvez alguma pureza, algum lirismo?, se bem que se houvesse lirismo era algumas linhas antes, e destruo tudo (e me acovardo, enfim, é o duplipensar) - arruino o que estava pronto? - mas que direito eu tenho de prontidão quando isso não existe, é só um murro no espelho: eu estou aqui, mesmo?, digo, vocês me vêem? eu não sei mais dizer se sim ou se não, com os dedos meio tremendo e sem entender, ela ainda está no quarto mas eu preciso abrir a porta correndo para olhar... a casa já ruiu bastante, mas eu sou tão intangível quanto preciso; meus sonhos de onipotência já começam a me deprimir quando lembro que são só sonhos e fico aliviado, graças a deus pela mentira, graças a deus, eu não sei o que faria se não fosse incompleto

2 comentários:

Clementine disse...

"acordar": acordar? Droga! eu quero dormir!

"deve ser triste ser trem": ainda mais se você estiver em Minas, onde tudo é trem e o trem é coisa. Sim, eu sei que o ponto não é esse, mas eu quis fazer esse comentário. E eu faço o comentário que quiser, quando quiser, não mandei você deixar o blog aberto a comentários.

"o palmeiras na tv:" joguinho ruim aquele de hoje, heim? O de sábado será melhor, para mim, espero, não para você.

Ah! que merda, quando vai fazer algo acessível? se eu clicar nesses trecos, pifa meu PC, porra!

"a casa já ruiu bastante": sabe a última lembrança do Joel? Pois é, juro que lembrei-me dela. Mas também viajei em uma metáfora qualquer, casa, cérebro, memória,sonho, esquecimento, etc.

Já reclamei dos trequinhos azuis? Já! Mas reclamo de novo! Se seu próximo post tiver isso, não comento. Não que meus comentários façam diferença...

Clementine disse...

*que ME lembrei

Maldita colocação pronominal!