segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Círculo

Quando ele me perguntou
(com um sorriso no rosto)
se eu gostaria de segui-lo
eu não soube o que dizer.
Sorri, desviei o olhar
e, depois de um tempo,
concordei.

Ao longe
eu pude ver o que
ele queria me
mostrar.

Fábio andou lentamente até o que podia ver mas não entender. Colocou as mãos sobre aquilo, logo em seguida os braços, o corpo todo tentando abraçá-lo. Não era suficiente, e não foi suficiente quando falou com ele e não soube o que dizer. Uma pergunta foi feita e ele hesitou durante alguns segundos antes de dar a resposta errada. Não havia diferença, na verdade.

O que você acha
de ir até longe
onde você não pode
ver
nem mais nada?
É o seu futuro?

Quando ele
virou-se para trás
seu rosto já não era
o mesmo que eu conhecia.

As palavras que ele disse
talvez não fossem as que eu compreendi
murmuradas com a boca fechada.

Eu tentei
abraçá-lo
mas ele não era sólido o bastante.
Tentei me aproximar
mas ele insistia
sozinho.

Quando eu pisquei
pela segunda ou terceira vez
apenas eu estava lá
ouvindo as palavras que eu não sabia compreender.

Talvez seja uma questão de fé, de idealização. O caminho é a crença na continuidade. Talvez seja o não-pensamento e a ignorância. Fábio não soube quando deixou de ser, nem se. Seus olhos não enxergavam mais ninguém.

Andei para casa algo cambaleante
e não fui capaz de compreender o que meus pais disseram.
Deitei-me na cama
sentindo um zumbido ecoando
ruído branco.
Quando fechei os olhos
continuei vendo as mesmas coisas.

Um comentário:

Anônimo disse...

muito bom adorei